quinta-feira, 3 de junho de 2010

Parei com a carne bovina

Carne vermelha... picanha... filé ao molho madeira... bife acebolado... fraldinha... churrasquinho de gato... Quanta delícia... Eu amo essas e muitas outras delícias de carne bovina, principalmente a carne do sul do Pará, onde costumo dar aulas pela UAB.

Mas, praticamente, parei de comer carne bovina. Virar vegetariano? Isso nem pensar! A questão é só mesmo quanto à carne dos amigos boi e vaca.


Primeiro motivo: A questão ambiental

Sabia que a produção de gado de corte favorece o aquecimento global?

Você já parou pra pensar quantas árvores se derruba para fazer um pasto? E sabia que a grama que fica no lugar das arvores passa longe de fazer a mesma quantidade de fotossíntese?

Ora, quanto mais se consome carne bovina, mais haverá quem queira criar gado e mais gado vai querer ter quem já possui alguns. Assim, são necessários mais pastos e mais desmatamento (sem reflorestamento, afinal o motivo é livra-se da árvore justamente pelo espaço que ela ocupa!).

Conseqüentemente, quanto menor for o consumo desse tipo de carne, menor o interesse na venda e menor a criação de pastos. Assim, a natureza agradece.

Existe ainda a polêmica em torno dos gases flatulentos dos bovinos (é serio!) segundo a qual os "pums" dos bichinhos emitem muito CO2. Mas há muita controvérsia e, lendo os argumentos prós e contras, concluí que isso foi exagero. Portanto não elenco isso como argumento sobre a questão ambiental x produção de carne bovina. Afinal CO2 todo ser vivo produz, até mesmo as plantas (à noite respiram, lembram?).


Segundo motivo: A questão da saúde

É fácil achar estudos sobre os danos à saúde atribuídos ao consumo de carne bovina. O excesso de gordura, o tempo que passa entre a morte do animal e o consumo da carne, a liberação de toxinas, aumento do risco de câncer e mais chances de impotência sexual estão entre as mais citadas.

Dai, ao se ler sobre as conseqüências boas de seu consumo, têm-se muito pouco! Basicamente afirma-se que ela contém altos teores de ferro, zinco e proteínas.

Não adiantaria citar fontes desses prós e contras, pois ambas são abundantes na internet e em livros e revistas de nutrição. Mas sempre a balança fica mais pesada no lado dos danos à saúde e não do lado dos benefícios.

Ademais, os benefícios prometidos pelo consumo de carne bovina podem ser alcançados pelo consumo de outros tipos de carne e ate mesmo de alguns vegetais.


Terceiro motivo: A origem e a qualidade da carne onde vivo

Li uma reportagem no jornal "Diário do Pará" que afirma que cerca de 600 mil bois são abatidos clandestinamente por ano no Pará. Não consegui achar a informação de quantos quilos de carne um boi "fornece", mas este site afirma que um macho adulto saudável pesa no mínimo 850 kg e uma fêmea 500 kg. Fazendo uma conta "por baixo", imaginando que apenas 1/3 do peso do bicho gera carne para venda, temos então 166,6kg no mínimo (considerando o peso da fêmea, que é menor). Por essa conta, são 99.960 toneladas de carne clandestinas vendidas no Pará por ano. É muita carne! Quais as chances de um paraense comer um pouco dessa carne por ano? Bem, como moro no Pará prefiro reduzir minhas chances de comer carne de origem clandestina.

Bem, por esses motivos resolvi cortar a carne bovina de minha alimentação. Na verdade não cortei 100%, mas a só como nas seguintes situações:

- Num restaurante onde a única boa opção seja carne bovina

- Numa festa ou confraternização onde só estejam servindo esse tipo de carne

- Se bater uma vontade muito forte de comer algo como o que citei no inicio deste texto (contato que não coma mais de 2 vezes por semana)

Para minha sorte gosto muito de carnes de peixes e aves, portanto não estou tendo dificuldades em por em prática essa decisão.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Valeu, Wilton!

É... não deu... O Wilton não ganhou o título de Bola Murcha do ano.... fizemos a torcida na Assembléia Paraense ao vivo no Fantástico pra ele, mas não deu...

Valeu, Wilton... pelo menos você ficou conhecido pelo Pelé, viajou com tudo pago para o Rio de Janeiro, conheçeu (embora não tenha jogado lá) o Maracanã e virou uma celebridade.

Obrigado a todos que votaram nele!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Wilton na final do ano!

Nem acredito que um inocente e despretensioso envio de um vídeo que fiz pelo site do Fantástico iria parar tão longe... E não é que o Wilton foi escolhido pelo Pelé para estar na final do Bola Murcha do Ano do Fantástico!

Vamos votar no único representate do Pará no futebol no momento hhahahahaha!

Link da votação:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,15709,00.html

Link da escolha do Pelé (bolas cheias e bolas murchas)
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1396814-15605,00-PELE+ESCOLHE+FINALISTAS+DO+QUADRO+BOLA+CHEIA+E+BOLA+MURCHA.html

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Homenagem ao meu amigo "Bola Murcha"

Meu amigo de longa data, Wilton, ganhou o "Bola Murcha" do Fantástico do mês de setembro! Parabéns!

Sua primeira aparição foi
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1123207-7823-LATERAL+BATIDO+PARA+FORA+E+GOLACO+ABREM+BOLA+MURCHA+E+BOLA+CHEIA+EM+SETEMBRO,00.html
(eu apareço logo no inicio, de camisa branca, correndo e pedindo a bola)

Depois, teve a votação onde ele ganhou como "melhor" do mês:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1135967-7823-JURI+ESCOLHE+BOLA+CHEIA+E+BOLA+MURCHA+DE+SETEMBRO,00.html

Dai, fizemos a homenagem merecida:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1139990-7823-VENCEDORES+DO+BOLA+CHEIA+E+DO+BOLA+MURCHA+DE+SETEMBRO+GANHAM+HOMENAGENS,00.html
(eu apareço de camisa azul entregado-lhe um merecido troféu)

Olha aí eu e a "fera".


E o cara virou celebridade!

De inicio meu amigo até ficou meio chateado comigo, mas com sua vitória na eleição do mês, ele está com a viagem para o Rio de Janeiro carimbada! É que os piores "bola murcha" do ano jogam contra os melhores "bola cheia" do ano no Maracanã em dezembro! O Wilton terá um privilégio de poucos no mundo! Muitos craques do mundo do futebol não jogaram no Maracanã!

Agora resta a torcida para que ele ganhe o "bola murcha" do ano. Eu acho que ele está no páreo!


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quem pode atirar a primeira pedra?

A maioria dos brasileiros se declara cristão [1]. E o livro sagrado para os cristãos é a Bíblia, que contém uma interessante história: Alguns judeus queriam apredejar uma mulher pega em adulterio. A lei da época mandava apedrejar mulheres que fizessem isso. Jesus então surpreendeu dizendo: "Aquele dentre vós que estiver sem pecado atire a primeira pedra" . Então todos que estavam lá querendo apredejar a mulher foram embora [2]. Dai a origem da frase popular "quem nunca errou, atire a primeira pedra".

O que você sente quando lê, ouve ou apenas relembra essa passagem? Imagino que a maioria das pessoas sempre se coloca no lugar da pecadora recebendo a misericórdia divina. Proponto, neste texto, que nos coloquemos no lugar dos que estavam com as pedras nas mãos. Vamos juntos ter essa coragem.

A narrativa bíblica conta que depois que Jesus disse a celebre frase
"... atire a primeira pedra" nenhum dos acusadores sequer tentou refutar. Todos sairam, um a um. Não ficou nenhum. E sairam "sentindo-se acusados pela sua própria consciência" e não por medo de Jesus ou por simplesmente desistirem de querem apedrejar a mulher.

O primeiro ponto a analisar nos judeus é que queriam e iram apedrejar a mulher, não fosse a interferência de Jesus. Ora, se depois do que ele disse eles se retiraram por peso na consciência, por não pensaram que não tinham moral para apedrejá-la antes de levá-la a Cristo? Foi preciso alguém "cutucar a ferida" deles para cairem em si. Sejamos sinceros... quantos de nós não têm agido assim no cotidiano?

Quando vibramos ao ver um ladrão sendo linchado pela TV ou até pessoalmente, ou pior, quando participamos do linchamento, sempre gritando "toma isso, safado!", será que temos moral para isso? Você pode questionar
"mas eu não sou ladrão, portanto posso muito bem criticar e até bater em um". Pergunto a você: "Tem certeza que você não é um ladrão ou uma ladra?".

Calma, não estou acusando ninguém de ser batedor de carteira ou corrupto. Apenas quero expor alguns comportamentos que parecem normais ou até dignos de orgulho mas que na verdade são formas de roubo menos chocantes que roubar objetos mas tão ou até mais imorais quanto.

Seja sincero: na sua casa existe o famoso "gato" de energia? Nem aquele "só" para o ar condicionado, que consome mais? Se sua resposta for "sim", então você não tem o MENOR moral para chamar outros de ladrão, pois você
rouba DIARIAMENTE a empresa fornecedora de energia. Talvez você alegue que "a energia é cara e o preço injusto". Será que é mesmo? Com base no que você afirma isso?

Seja sincero: você usa meia passagem para transporte coletivo, cinemas e shows mas não é estudante? Se sua resposta for "sim", então você não tem o MENOR moral para chamar outros de ladrão, pois você
rouba SEMPRE QUE usufrui desse documento falso. Talvez você alegue que "o ingresso é caro e o preço injusto". Será que é mesmo? Com base no que você afirma isso?

Seja sincero: você assiste DVD pirata, ouve música que pegou de torrents e P2Ps na internet, joga jogo pirata de videogame (que mandou "destravar") ou usa programa de computador pirata? Se sua resposta for "sim" para alguma dessas perguntas, então você não tem o MENOR moral para chamar outros de ladrão, pois você
rouba SEMPRE QUE faz alguma dessas coisas. Talvez você alegue que "mas é caro e o preço injusto". Será que é mesmo? Com base no que você afirma isso?

Seja sincero: você já fez uma fotocópia (vulgo "xerox") de um livro ou periódico inteiro que não é gratuito? Se sua resposta for "sim", então você não tem o MENOR moral para chamar outros de ladrão, pois você
rouba SEMPRE QUE faz isso. Talvez você alegue que "mas livro e periódico é caro e o preço injusto". Será que é mesmo? Com base no que você afirma isso?

O curioso é que todos esse atos normalmente são divulgados por nós mesmos com o maior orgulho, fazendo pose de "espertos". Nós sim somos "sem vergonha". Mais "sem vergonha" que aqueles que roubam bolsas, celulares e relógios na rua, pois eles pelo menos negam até o fim.

"Mas o meu crime é menos pior e não faço tanto!", podem insitir alguns. Será? Há quantos meses o "gato" está lá? Quantas "carteiradas" você já deu em ônibus, cinema, teatro, etc? Quantos filmes piratas já assitiu? Quantas músicas pegas clandestinamente da internet já escutou? Quantos jogos piratas já jogou em videogame que mandou "destravar"? Há quanto tempo usa Windows, Word, Excel, Photoshop, etc sem pagar uma licença de uso sequer?

Por mais insjustas que sejam as tarifas de energia, preços dos ingreços, dos DVDs, dos jogos de videogame, das licenças de programas, etc., é "fazer justiça" deixar de pagar por eles? Pensar que deixar de pagar por eles é um ato de "justiça com a próprias" mãos é uma tremenda injustiça, isso sim!

Reparem ainda num fato interessante: quem tem "gato" de energia, usa muito mais energia do que quem não tem. Afinal não paga (ou paga uma tarifa mínima). Então deixam o ar condicionado, a TV, o som e tudo mais ligados o tempo todo. Enfim, "fazem a festa" com o que simplesmente
roubam todo dia. O mesmo ocorre com os outros itens citados. Por exemplo, quem assiste DVD pirata compra muitos, pois são baratos, e assim por diante.

Alguns ainda podem contestar que atos como dar "carteiradas" ou "bater xerox" de livros não são roubos. Pergunto: Imaginem se todos resolvessem fazer essas coisas. Cinemas iriam a falência, pouquissimos ainda iriam escrever livros, etc. Enfim, toda uma cadeira produtiva em torno dessas coisas iria ao colapso financeiro. Por quê? Porque foram roubados! E mais: se uma produção, seja um filme, um livro ou uma música, foi feita para ser vendida e você consegue uma cópia sem pagar ao autor (pirateada), você não pagou a quem deveria ter pago. E quem pega sem pagar nem pedir, o que é?

Acha preços de certas coisas injustos? Denuncie! Pechinche! Procure promoções! Economize! Mas não roube! Não trapaceire!

Espero que, após essa reflexão, tanto eu como os que leram este texto tenhamos a dignidade de fazer como os judeus: jogemos fora a pedra de nossa hipocrisia que gostamos de jogar nos outros
"sentindo-se acusados pela sua própria consciência" .


1 - Censo 2000 IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/populacao/religiao_Censo2000.pdf

2 - Bíblia Sagrada, Evangelho segundo João 8,1-9

sexta-feira, 6 de março de 2009

Oração do Homem para o dia da Mulher

Senhor, muito temos a agradecer, mas hoje queremos agradecer especialmente por uma de suas mais maravilhosas criações: a mulher. Nela a tanto a agradecer...

Obrigado, Senhor, pelo jeito carinhoso e pelo amor com que cuidam de tudo. Não a toa as escolhestes para serem mães, afinal é preciso muito carinho e amor para carregar um ser vivo em seu ventre por quase 1 ano e ainda amamentar, cuidar e educar por vários outros anos.
Senhor, por essa vocação cumprida com maestria pelas mulheres, muito obrigado.

Senhor, poetas e escritores de todas as épocas comparam mulheres com outras preciosidades da natureza como flores, perfumes e músicas. Com certeza eles compreenderam vossa inspiração ao criá-las. Afinal, o jeito meigo, doce, sedutor e encantador delas as tornam as mais belas e perfumadas flores nos jardins de nossa vida e o som de suas vozes é a melhor melodia da natureza.
Senhor, não há companhia melhor que as mulheres. Não há abraço como o delas. Não há carinho como o delas. Enfim, Senhor, não há nada como as mulheres. Por elas existirem, Senhor, muito obrigado.

Senhor, temos tanto a pedir por nós, homens...

Senhor, perdão quando vemos as mulheres como meros objetos de prazer.
Senhor, perdão quando, em nossas conversas de homem, desdenhamos o jeito delicado delas, mas amamos quando nos tratam com esse mesmo jeito delicado.
Senhor, perdão quando humilhamos ou fazemos comentários grossos sobre aquelas que não têm o padrão de beleza imposto pela mídia.
Senhor, perdão quando não entendemos o paradoxo de serem delicadas porém fortes e confundimos sua delicadeza com fragilidade.
Senhor, perdão quando traímos nossas companheiras (namoradas, noivas ou esposas), ferindo seus sentimentos.
Senhor, perdão pelas vezes que nos achamos melhores e superiores ao invés de reconhecer que, no que somos melhores, temos que ajudá-las e, no que somos piores, temos que aceitar a ajuda delas. Enfim, perdão por tê-las como concorrentes numa tola "guerra dos sexos" ao invés de valiosas parceiras na busca pela felicidade.

Senhor, ajude a nós, homens, a entender que homem de verdade não é aquele que conquista várias mulheres, como um colecionador de troféus. Os troféus de um homem de verdade deve querer são paciência, companheirismo, sinceridade e respeito a todas as mulheres porque isso sim é difícil.

Senhor, neste dia das mulheres e em todos os outros do ano, ajude-nos a cuidar sempre melhor delas, pois são um inestimável presente que ganhamos todos os dias.

Amém!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Corrupção dos políticos x "Jeitinho" brasileiro


É muito comum, aqui no Brasil, escutarmos frases como “todo político é ladrão”. Quase sempre há um tom de acusação de corrupção, quando se fala dos políticos de nosso país. Mas será que todos têm moral para falar nesse tom sobre nossos governantes? Gostaria de contar dois casos que me fizeram meditar sobre isso.

Em 2006, fiz um curso preparatório para obter a CNH em uma auto-escola e consegui habilitação como motorista na categoria “B”. Fiquei surpreso quando meu instrutor revelou-me que mais da metade das pessoas que passam na temida prova prática, “colaboraram” com um valor para os fiscais de prova. Ele disse que pessoas de todas as classes profissionais e níveis sociais fazem essa negociação para passar na prova. O valor é o mesmo, há anos, e é muito conhecido na cidade, como que uma “tradição”. Fiz uma pequena pesquisa com amigos e conhecidos e confirmei o que ele me disse.

O outro fato ocorreu quando fui fazer a foto para minha habilitação: dois homens da fila começaram a conversar. Foi então que um deles disparou: “uma vez eu ‘perdi’ pra um policial safado e pilantra”. Imaginei que ele fosse contar um ato corrupto do tal policial. Então ele disse: “estava com o IPVA vencido. Eu disse que daria R$150,00 pra ele. Você acredita que ele disse que não aceita essas coisas e tomou as devidas providências com meu carro? Mas que pilantra safado!”.

Esses dois casos me fizeram lembrar de quantos “gatos” de energia existem em nossa cidade, em todos os bairros. Lembrei dos que recebem aposentadorias por pessoas já falecidas. Lembrei dos que usam softwares piratas, usando os famosos “cracks”. Lembrei das carteiras cheias de dinheiro e cartões de crédito que são perdidas por aí e não são devolvidas. Lembrei dos que dão “carteiradas” em shows, cinemas e coletivos, com documento falso ou de terceiros. Lembrei dos que furam filas. Lembrei dos que usam um “jeitinho” para não pagar provedor de conteúdo em internet de banda larga.

Stephen Kanitz, mestre pela Harvard University e Articulista da Revista “Veja”, publicou um interessante estudo sobre a corrupção dos políticos no Brasil [1], apontando uma das causas específicas. Mas será que o problema do Brasil é apenas a corrupção no governo? De onde vem e para onde vai a corrupção? Por que muitos brasileiros falam tão mal dos políticos, mas praticam um ato corrupto na primeira oportunidade que aparece? Por que o brasileiro tem tanto orgulho do “jeitinho” brasileiro que é, muitas vezes, sinônimo de “corrupção do povão”?

Será que o deputado do PT, Neri Ferigolo, que disse à folha de S. Paulo que "Ninguém consegue ser 100% honesto."[2] tem razão? Será que já pensamos como ele, que se justificou dizendo que "Jesus Cristo era 100% honesto e, de repente, o prejudicaram"[2]?

Será que a corrupção está tão impregnada em nossa cultura, que chegou o dia que Rui Barbosa previu, em 1914, quando disse que “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”[3]?

A corrupção dos políticos deve, sim, ser criticada e combatida, mas para termos moral para fazer-lo, devemos fazer como ensinou a pessoa que foi citada por Néri Ferigolo como modelo de honestidade: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?”[4]



1 - Revista Veja, edição 1600, ano 32, nº 22/06/1999, página 21

2 - O Estado de São Paulo, 09/08/2006

3 - “O ano da Corrupção no Brasil”, Isaac Sayeg, 27/12/2005 / “Hoje tem marmelada?”, Luciana Mares, 08/05/2006.

4 - Bíblia Sagrada. Evangelho segundo Mateus. Capítulo 7, versículo 3.